quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Copan - Niemeyer no centro de SP



Niemeyer projetou dois dos maiores cartões postais de sp, o Ibirapuera e o Edifício Copan. O Copan junta em um edifício tudo que todos os urbanistas defendem para revitalizar o centro de SP: residências, lazer e um centro comercial.

Sempre admirei aquela onda de concreto na Av. Ipiranga, em alguns períodos da minha vida trabalhei perto do Copan e descobria a forma de interagir com ele. Lembro que no fim da década de 70 ter assistidos filmes no imenso Cine Copan, que logo virou uma Igreja evangélica; depois descobri uma cafeteria nas suas entranhas o Café Floresta, muito antes de ouvir falar em baristas e em blends de grãos de café, o Floresta, na loja 21 do Copan, mostrava um aroma e gosto especial.

Nos últimos anos fui seduzido por dois outros locais do Copan: a filial da Padaria Santa Efigênia, que instalou-se na ponta mais próxima da Consolação e o Dona Onça, mix de bar / restaurante que fez com que eu fosse ao centro aos domingos, pq durante o almoço na semana a fila é imensa.


Hoje descobri uma nova face do Copan: uma galeria de arte. Pivô é o nome, tem uma auto definição complicada: " o Pivô pretende ser um espaço de arte e pesquisa independente, com relações institucionais menos burocráticas que envolve artistas e pesquisadores numa discussão contínua sobre o espaço do imóvel no Copan e o momento de revitalização em que se encontra a região central dedicando mais atenção às particularidades de cada projeto, e propiciando aos artistas e pesquisadores convidados possibilidades de intervenções críticas mais abertas."

Eu definiria com mais simplicidade: oxigênio e inteligência no Copan.

"Da próxima vez eu fazia tudo diferente" é a primeira exposição, o título vem do curta metragem "Documentário" de Sganzerla, que é projetado numa parece logo na entrada do espaço expositivo. Vários artista em um ambiente insólito, a instalação "Dimensão Encerrada" de Lucas Simões, um labirinto dentro de um ambiente desarticulado merece ser vivenciada.

Descubra o centro de sp, descubra o Copan e visite Pivô






terça-feira, 11 de setembro de 2012

Inca Kola y Chicha Morada



O Brasil mudou muito nos últimos anos, o ciclo virtuoso da economia com a entrada no mercado consumidor de mais de 40 milhões de brasileiros que antes estavam renegados a miséria.

O Brasil passou a ser destino de busca de empregos de outros povos: haitianos, portugueses, espanhóis e principalmente nossos vizinhos da América do Sul.

Esse novo ciclo imigratório começa a mudar a cara de alguns bairros de sp: Brás, Pari e Santa Ifigênia tem hoje uma grande população de bolivianos, peruanos e paraguaios. Atraídos pelo bom momento econômico brasileiro vieram para sp em busca de trabalho.
Isso possibilita uma boa oportunidade de descobrirmos identidades com nossos hermanos, identidades histórica do processo de exploração dos colonizadores ibéricos e da submissão aos grandes interesses globais.

Essa história similar é uma faceta, outro aspecto delicioso é de poder entrar de cabeça na cultura de nossos vizinhos: descobrir a música, a gastronomia, a artes etc.Deixando de lado velhos preconceitos.

Um dos marcos dessa presença é a feira da Kantuta que todo domingo acontece no Pari, é ali que os bolivianos que trabalham na região viabilizam um pedacinho dos Andes em sp.  Salteñas, diferentes tipos de milho e batata, aji, cerveza Paceña, refrigerante Inca Kola estão lá para serem descobertos pelos visitantes.

O Perú que virou moda no mundo gastronômico, também se faz presente em sp, seja pelos restaurantes sofisticados de chefs conceituados como o La Mar ( no Itaim Bibi ) ou Killa ( em Perdizes ).
Outro dia fui visitar, com meu comparsa Márcio Costa, o outro lado da gastronomia peruana, o Riconcito Peruano. Riconcito fica quase na esquina da Aurora com a Guaianases ( sim no coração da cracolândia ) ao lado de um daqueles famosos hotéis de curta permanência da Rua Aurora, no número 54l da Aurora não tem placa, só uma escada que leva para o salão no andar de cima.  Arrisque-se vale a pena. Devorei um Lomo Saltado a lo pobre, Márcio foi mais arrojado, comeu um Mexido Peruano, uma espécie de paella sem açafrão e com ovos mexidos. Porção farta e conta paga com poucos reais.
O salão do Riconcito tem uma tv passando vídeos de pop latino, uma grande oportunidade para conhecer mais da música que é feita por nossos vizinhos.

Abaixo um vídeo de um encontro que rolou no Rock in Rio, do ano passado,  Tiê e o uruguaio Jorge Drexler cantando em português e espanhol "Você não vale nada", imperdível:



sábado, 8 de setembro de 2012

Lygia Clark - Primavera das Artes em sp


"Caminhando, acaba a autoria da obra de arte" Lygia Clark

O  início de setembro em sp tem uma secura absurda, que maltrata meus pulmões, mas como tudo na vida tem múltiplas facetas, nessa mesma época, em função Bienal, a cidade está com uma concentração delirante de exposições de arte.

Em período de muito trabalho e pouco tempo livre para aproveitar as coisas boas da cidade, nesse feriado tive que fazer escolhas , opções: filas impressionantes e impressionistas no Centro Cultural BB; as cores berrantes do barroco de Caravaggio no Masp, a pegada street art do grupo SHN, na Choque Cultural, a própria Bienal com Arthur Bispo do Rosário no Ibirapuera, Adriana Varejão minha musa absoluta no MAM e Lygia Clark no Itaú Cultural.

Como tenho a teoria que quem gosta de fila é masoquista, fugi do Centro Cultural BB e do Masp, optei por ir no Itaú Cultural, me dei bem!! Adorei a exposição "Lygia Clark - Uma retrospectiva", super bem montada, com muitas atividades interativas, que para quem vai com criança é fantástico, pq essa pegada lúdica da interatividade desperta a curiosidade da criança para a obra e o artista.

Na minha pobre história da arte brasileira, Lygia Clark sempre esteve relacionada com os movimentos concretos e neoconcretos, parcerias com Hélio Oiticica. A exposição revela outras facetas, extrapolando rótulos e escolas, radicalizando conceitos em suas experiências sensorias. Imperdível calçar sapatos magnéticos e caminhar nos "Campo de Minas" instalação para descarregar a bateria do seu celular e abrir sensações inéditas em um simples andar.

Ver e interagir com a exposição de Lygia Clark faz bem para a alma, para os sentidos, olhar para como as crianças apropriam-se das obras é um estado de auto conhecimento revelador. 

Depois de sair de Itaú Cultural caminhar pelo jardim da Casa das Rosas e tomar  um sorvete numa tradicional sorveteria da Rua Rafael de Barros completa uma bela tarde de sol de sábado.

Visite:
www.lygiaclark.org.br

PS1: Ter ao mesmo tempo Lygia Clark, Arthur Bispo Rosário, Adriana Varejão e Caravaggio pode revelar muito da loucura das pessoas e da cidade. Em sp ninguém é normal.

PS2: Domingão promete: jogo do Juventus pela manhã e Adriana Varejão como atração vespertina.