Doris Salcedo é uma artista plástica colombiana, sua arte reflete sobre a violência, com uma originalidade e brutalidade sufocante. A obra dela dialoga com a história de opressão, ditaduras e conflitos que permanecem ativos atualmente.
Meu primeiro contato com a obra de Doris Salcedo foi no Inhotim, museu aberto de arte contemporânea que fica em Brumadinho-MG, perto de Belo Horizonte. Neither ( Nenhum ) é uma instalação de grande porte, é um cubo branco com concreto e grades, um ambiente sufocante, onde Doris reflete sobre quem a grade protege ou oprime: os de dentro ou os de fora, nada diferentes das grades que cercam as casas paulistanas. A inspiração para produzir "Neither" ocorreu após Salcedo visitar Auschwitz, na Polônia.
Desde dezembro temos Doris Salcedo também em São Paulo, na Estação Pinacoteca, com a instalação Plegaria Muda ( Prece Muda ), uma grandes obra com 120 esculturas constituídas por mesas de madeira sobrepostas tampo contra tampo , prensando um pedaço de terra e pelas fissuras da madeira das mesas crescem pequenas plantas.
O labirinto que é percorrer os espaços entre as mesas, o cheiro e o silêncio não deixam dúvida do espaço de luto construído com essa instalação, a sensação e de caminhar entre túmulos. Novamente a obra de Doris coloca um tema evidente: a violência e a morte de milhares de jovens na Colômbia no conflito entre o exército, guerrilha e grupos paramilitares.
Nada mais atual que Plegaria Muda em São Paulo neste momento, onde uma guerra entre a polícia e o PCC deixa a cada noite que passa mais jovens mortos. Oportuno lembrar também é o espaço onde acontece a exposição: a Estação Pinacoteca, que durante mais de 40 anos serviu de sede para o DOPS, espaço de repressão política.
Ver Plegaria Muda pode ser dolorido, mas como está escrito no térreo da Estação da Pinacoteca, onde fica o Memorial da Resistência: Lembrar é Resistir.
Doris Salcedo : Plegaria Muda
Estação Pinacoteca
até 15 de março de 2.013