Cildo Meireles está com uma exposição de suas obras no Museu Serralves até 26 de janeiro de 2014. Uma grande oportunidade para ter contato com a interpretação crítica que ela faz do mundo contemporâneo. A exposição esteve antes no Reina Sofia ( Madrid ) e Hangarbicocca ( Milão ). No Brasil não tenho informação de nenhuma previsão, o catálogo da exposição será lançado pela Editora Cosac Naify.
Umas das formas de sedução da arte de Cildo é a inversão de expectativas: "Nós formigas" é uma instalação onde uma grua sustenta um cubo de pedra sobre uma câmara escavada no solo que é o local de observação da obra. Na base do cubo foi instalado uma colônia de cerca de 100 mil térmitas ( cupins ). Uma inversão: o visitante encontra-se como uma formiga no chão debaixo dos insetos. Antes de entrar na câmara escavada o visitante assina um termo de responsabilidade pela exposição ao risco, impossível não lembrar da grua odbrechet corinthiana de Itaquera.
Nos anos 70 do século XX Cildo desenvolveu uma série de intervenções críticas ao sistema econômico e político denominada "Inserções em circuitos ideológicos" onde a denúncia ao assassinato de Herzog e influência americana eram apresentados de formas inesperadas:
Em Amerikka a crítica a sociedade norte americana é colocada de forma explícita no título com os três KKK, para lembrar aquela famigerada organização racista. Nesta instalação dialogam um tapete com mais de 20 mil ovos de madeira ( Ovo do Colombo ) sobreposto por uma placa com 70 mil balas para pistolas e metralhadoras, referência ao belicismo da política norte americana.
Como diz uma amiga minha " não é acaso que o Cildo é o único brasileiro vivo que teve uma retrospectiva de sua obra no Tate Modern ". Não é preciso ir para o Porto, no Serralves, ver Cildo, o Inhotim tem um pavilhão todo dedicado à sua obra, bem aqui em MG.