sábado, 11 de janeiro de 2014

O padeiro que fingiu ser Rei de Portugal


Parece uma tradicional piada sobre português ou então um título de uma ficção de realismo fantástico, mas na verdade, trata-se de um interessante resgate histórico efetuado pela pesquisadora Ruth Mackay, vinculada a Universidade de Stanford, na Califórnia -  EUA.

O livro dedica-se a estudar o período do século XVI, quando em 1578 o rei de Portugal, Dom Sebastião, desaparece numa batalha em Marrocos, a Batalha de Alcácer Quibir, onde as tropas portuguesas sofrem uma grande derrota para os mouros.

Como o jovem Dom Sebastião, que tinha 24 anos e governava Portugal a uma década,  não tinha herdeiros o trono de Portugal foi ocupado pelo Rei da Espanha, Felipe II, ocasionando a junção do Império Ibérico sobre o comando espanhol.


O corpo do Rei nunca foi devolvido à Portugal, isso junto com a submissão à Espanha, criou-se um mito, o sebastianismo. Basicamente a ideia é que o Rei não estava morto e voltaria para salvar os portugueses da submissão espanhola. Mito que persiste até hoje a fé que um Sebastião retornará para libertar Portugal dos seus problemas.

A trama que o livro narra é a tentativa de frei Miguel , um agostiniano vinculado a nobres portugueses que reivindicavam o trono português em transformar um padeiro como D. Sebastião, construindo um história que o Rei envergonhado com a derrota em Alcácer Quibir fez um juramento de ficar 20 anos longe de Portugal e passou a viver como um plebeu.

O enredo logo chegou aos ouvidos de Felipe II, que desmontou a trama dos religiosos com setores da nobreza ibérica, óbvio que os depoimentos foram regados a muita tortura e resultaram em prisões e mortes.

O sebastianismo enredou-se pelo sertão brasileiro, Antônio Conselheiro abusava do mito do sebastianismo, como um messias que voltaria para trazer de volta a Monarquia. Até o treinador de futebol Felipão, na sua passagem pelo futebol português ( onde conseguiu um vice campeonato europeu e o quarto lugar na Copa do Mundo ) foi considerado um "Sebastião" que voltava para trazer alegrias aos portugueses.

O padeiro que fingiu ser Rei de Portugal
Ruth Mackay
Editora Rocco


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