Noborigama
Noborigama é uma técnica de produção de cerâmica, feita através de forno a lenha com câmaras interligadas que conseguem atingir temperaturas superiores a 1.300 graus centígrados. Noborigama é uma técnica milenar oriental, noborigama quer dizer "o forno que sobe" ( nobori = rampa e gama = forno ).
A singularidade do noborigama é que, no processo da queima, a peça torna-se única e original, pois
o fogo interage diretamente com o barro. As cinzas criam uma película
brilhante na parte externa da cerâmica, que no processo com o forno
elétrico não existe, devido à uniformidade do calor.
Nos anos 70, um arquiteto português estudando cerâmica no Japão, para fugir da ditadura de Salazar, conhece um casal de ceramistas japoneses e com eles realizam aqui no Brasil a montagem de um ateliê de cerâmica noborigama. O acaso coloca o Brasil na rota de artistas que com o fogo, o barro e as cores buscam sua liberdade.
Em 1975 um pequeno grupo de ceramistas conseguem em comodato a área do desativado Matadouro de Cunha, cidade localizada na divisa de SP com RJ, que tinha as características de clima e solo adequadas para a cerâmica. O barro de Cunha é rico em óxido de ferro e caulim que possibilitam uma boa resistência as altas temperaturas, coloração e absorção do esmalte.
A partir do Ateliê do Matadouro construíram um polo de cerâmica de alta temperatura e de turismo na cidade de Cunha. Artistas como os pioneiros Alberto Cidraes e Mieko, Suenaga & Jardineiro e uma segunda geração como Augusto Campos e Leí Galvão tem seus ateliês abertos para que o visitante possa admirar o resultado do fogo e do barro transformado em arte.
Passar pelas montanhas de Cunha, visitando os ateliês de cerâmistas é trombar com a história do Brasil, Cunha está no trajeto da Estrada Real, do ouro que vinha de MG para ser embarcado no porto de Paraty com destino a metrópole. Outro acontecimento histórico que tem Cunha como cenário é a reação da oligárquia paulista à Getúlio Vargas, combates da chamada "Revolução de 1932" aconteceram na região.
Uma viagem à Cunha, pode proporcionar arte, história e aventura, nada como arriscar-se na precária estrada de terra que liga Cunha - Paraty, no coração da Serra do Mar e da Serra da Bocaína. Tudo isso a apenas 250 km de São Paulo.
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